O XADREZ E A EDUCAÇÃO: por que levar o xadrez às escolas?

xadrezNeste artigo, procuramos mostrar os benefícios que o jogo de xadrez pode trazer para crianças e jovens de escolas do ensino fundamental e médio, caso seja integrado à grade curricular desses alunos.

Com base na extensa literatura existente sobre o xadrez, em especial no que se refere ao seu valor educativo, pretendemos abordar neste trabalho, além de algumas curiosidades e particularidades gerais do jogo, a utilização do xadrez como uma inovadora e excelente ferramenta pedagógica, através da análise das experiências que estão sendo realizadas com o jogo nas salas de aula, tanto no Brasil como no exterior.

O xadrez é um jogo milenar. Não se sabe ao certo quando surgiu, por falta de documentos que apontem uma fonte clara sobre a data da sua invenção.

A mais famosa lenda sobre o aparecimento do xadrez é a que atribui sua criação a Sissa, brâmane ou filósofo indiano. Teria ele inventado o jogo a fim de curar o tédio do rei Kaíde, por volta de 3.000 a.C. Outros pesquisadores, porém, têm atribuído o invento do xadrez aos egípcios, ao grego Palamedes (durante o sítio a Tróia), aos chineses, japoneses e outros povos antigos. Jogos semelhantes, mas não idênticos, existem há longo tempo na China, no Japão e na Birmânia.

O antecessor do atual xadrez foi, possivelmente, o chaturanga indiano, que era jogado por quatro pessoas ao mesmo tempo. Do chaturanga derivou ochatrandch dos persas, cujo tabuleiro se apresentava como o atual (8X8) e já era jogado por apenas dois parceiros.

De certo, o registro histórico mais antigo relativo ao xadrez é uma velha pintura mural egípcia, que mostra duas pessoas jogando xadrez ou um jogo semelhante, e que data de 3.000 anos antes da era cristã.

A despeito das dúvidas quanto sua origem, o fato é que o xadrez evoluiu ao longo dos séculos, passando por várias modificações em suas regras até chegar ao atual estágio em que se encontra.

Definir o xadrez é, sem dúvida, um ato complexo, pois o jogo engloba diversas áreas da expressão humana. Por tão apaixonante que é, ele se torna um esporte para alguns, uma arte para outros, e ainda há os que o considerem uma ciência. Goethe, por exemplo, o definiu como “a ginástica da inteligência”. Para Montaigne, “o xadrez é demasiado jogo para ser uma ciência e demasiado ciência para ser um jogo”. Já Siegbert Tarrasch afirmou que “o xadrez, como o amor e a música, tem o poder de fazer os homens felizes”. Todos estão cobertos de razão. O xadrez é tudo isso e muito, muito mais.

Uma definição bem elementar do que é o “Jogo dos Reis”, como é conhecido, é a seguinte: o xadrez é um esporte intelectual, que se joga entre duas pessoas, ou equipes, que dispõem de forças iguais, seja em quantidade seja em qualidade, denominadas peças, e que têm cor diferente, geralmente brancas e pretas. As peças se movimentam segundo leis convencionais, e o jogo tem a motivação de, após um número variável de movimentos, também chamados lances ou jogadas, ganhar a partida ao adversário, o que se consegue levando o rei contrário (o rei, saibamos, é a peça mais importante do xadrez) a uma posição especial, a que se denomina mate ou xeque-mate. O objetivo, portanto, do jogo de xadrez, é dar mate ao oponente, e o jogador que consegue isso primeiro é que vence a partida.

Nas últimas décadas o xadrez ressurgiu como esporte, posição contestada anteriormente, pela suposta ausência do aspecto físico na sua prática. Nas Olimpíadas de Sidney, em 2000, foi aceito como esporte de demonstração, sendo reintegrado definitivamente às competições que valem medalhas a partir de 2004, em Atenas. Essa conquista do mundo enxadrístico deve-se, essencialmente, ao abrupto aumento do número de praticantes do xadrez após a popularização da internet. O esporte é amplamente jogado na rede mundial de computadores, atraindo adeptos de todo o mundo, e tornando-se, disparado, o desporto mais praticado do planeta.

Para a inclusão do xadrez nas Olimpíadas de Verão, a modalidade necessitou comprovar seu aspecto esportivo, a fim de convencer o COI (Comitê Olímpico Internacional) de que realmente é um esporte. Para tanto, foram realizados estudos que comprovaram o xadrez como atividade física, sendo que, monitorados os batimentos cardíacos de jogadores em partidas de xadrez relâmpago, o resultado foi surpreendente: no ápice da disputa, alguns jogadores apresentaram níveis de batimento cardíaco comparáveis aos de um corredor ao final da prova. Os altos níveis de atividade cerebral, o aumento da circulação sanguínea, da liberação hormonal e a movimentação, principalmente dos membros superiores, exigem do enxadrista uma boa capacidade física e sobretudo motora. Há de se salientar também o aspecto postural e emocional, trabalhados constantemente durante o jogo.

É o preconceito que leva as pessoas a pensarem que o xadrez é um jogo para indivíduos excêntricos, enfermiços e pouco sociáveis. Mas isso é tolice. O melhor jogador da atualidade, o russo Garry Kasparov, pratica atletismo, natação, futebol e tênis, e é formado em Letras; em resumo, é um esportista completo.

Em um artigo publicado no site da UOL no final de janeiro de 2005, o Prof. Nuno Cobra, um dos maiores especialistas em Educação Física do nosso país, destaca que “o xadrez é um esporte muito amplo, pois o cérebro ‘maquina’ o tempo todo e abre outras áreas de programação mental de raciocínio, ampliando as conexões interneurais”. E prossegue: “O que pouca gente sabe é a relação entre o grau de desempenho cardiovascular e a performance competitiva neste esporte, porque todos imaginam que ele exige apenas do cérebro”. Cobra explica em seu texto que para um bom desempenho nos tabuleiros, o enxadrista deve procurar realizar atividades cardiovasculares tais como caminhar ou correr, pois estas aumentarão as possibilidades de oxigenação cerebral. Podemos então concluir que, para se ter um desempenho satisfatório em uma partida de xadrez, o jogador deverá estar bem preparado mentalmente, tecnicamente e fisicamente.

É pertinente registrar ainda que a Federação Internacional de Xadrez (FIDE), com sede na França, congrega atualmente mais de 160 países filiados, sendo hoje a segunda maior federação esportiva do mundo, ficando atrás apenas da FIFA (Federação Internacional de Futebol e Associados), e promove a Olimpíada da modalidade com a presença de mais de 140 países, a cada dois anos.

O xadrez é também o jogo de tabuleiro mais popular e sobre o qual mais se publicam livros no mundo.

O xadrez é válido tanto no aspecto lúdico quanto no competitivo. Ou seja, é altamente positivo para quem joga como passatempo com os pais, irmãos, amigos, vizinhos e também para quem disputa torneios, nos quais a competição envolve o jogador de maneira mais intensa, pois ele tem o objetivo de conseguir os melhores resultados possíveis.

A esta pergunta, por que jogar xadrez, poderíamos respondê-la em poucas palavras ou em muitas páginas a partir de um vasto e detalhado estudo sobre os benefícios que o esporte oferece a todos os seus adeptos. De uma forma mais sucinta, podemos dizer que o xadrez proporciona a um praticante criatividade, concentração, memorização, paciência, disciplina, respeito a adversários, árbitros e leis, e isso já é suficiente para formar um cidadão com o caráter que a sociedade exige e em condições adequadas para ser bem sucedido na vida.

Pedagogicamente, o xadrez é tido em elevado conceito, fazendo parte do currículo escolar básico e de aprimoramento complementar em dezenas de países. Muitos projetos oficiais, conduzidos tanto por instituições estatais como privadas, indicam que o jogo estimula a atenção e favorece a concentração de modo geral. Acredita-se também que a atitude introspectiva que o xadrez gera, leva a criança a se avaliar diante de tudo na vida e considerar as consequências de seus atos, adquirindo consciência de responsabilidade e causalidade (causa e efeito). Pode-se empregar o jogo na educação e entretenimento de deficientes físicos (surdos, paraplégicos e até cegos!) e mentais, bem como em asilos, penitenciárias e instituições de apoio ao menor carente e abandonado.

O xadrez é um esporte igualitário, uma vez que não discrimina as diferenças de sexo, idade, condição social, raça e biótipo. A atividade competitiva oficial permite que deficientes visuais, auditivos e físicos em geral participem em igualdade de condições com os não-deficientes.

Quanto aos gastos para empregá-lo no apoio à educação, podemos citar as pertinentes considerações de Garry Kasparov em sua visita a São Paulo, em agosto de 2004:

Para tentar melhorar o sistema educacional você tem que olhar para os custos, e o xadrez é muito barato. Não é preciso um estádio de futebol, um campo de golfe, uma rede de tênis ou uma piscina. Se olharmos para a relação investimento-retorno, o xadrez se torna a melhor opção para ajudar no desenvolvimento das crianças.

O pedagogo suíço Charles Partos relata que o xadrez desenvolve: a atenção e a concentração, o julgamento e o planejamento, a imaginação e a antecipação, a memória, a vontade de vencer, a paciência e o autocontrole, o espírito de decisão e a coragem, a lógica matemática, o raciocínio analítico e sintético, a criatividade, a inteligência, a organização metódica do estudo e o interesse pelas línguas estrangeiras.

Muitos outros professores e pesquisadores atestaram, através de experiências com a prática do xadrez nas escolas, que o jogo leva ao desenvolvimento de todas as habilidades listadas acima, e ainda mais: um outro grande mérito do xadrez é que ele responde a uma das preocupações fundamentais do ensino moderno, que é dar a possibilidade de cada aluno progredir de acordo com o seu próprio ritmo, valorizando a motivação pessoal dele. Além disso, ao ser introduzido nas classes de baixo rendimento escolar, auxilia no sentimento de autoconfiança, isso porque nessa situação os alunos têm a oportunidade de descobrir uma atividade em que podem se destacar e, paralelamente, progredir em outras disciplinas.

O xadrez e a matemática estão intimamente ligados, tendo em vista que as aplicações do jogo na área da matemática são bastante vastas e não necessariamente de nível elementar, pois, entre outras, elas abrangem: análise combinatória, cálculo de probabilidades, estatística, informática, teoria dos jogos de estratégia.

A contribuição que o jogo pode dar à educação, e em especial à educação matemática, é inegável, pois quando a criança está jogando uma partida de xadrez, é preciso que utilize muito raciocínio, para que possa colocar em prática o seu plano estratégico, o qual deve ser escolhido após uma análise da posição e verificação da sua eficácia, por isso há a necessidade de muita concentração e atenção. Tudo isso contribui para que a criança adquira facilidade em raciocínio lógico, que é frequentemente exigido na resolução de questões matemáticas.

O jogo requer do enxadrista profunda reflexão, porque existe a necessidade de visualizar um plano abstrato, imaginando-se as jogadas a serem efetuadas sem que as peças sejam tocadas, e com isso a criança começa a adquirir o hábito de pensar sempre antes de realizar qualquer ação, em um processo de antecipação. Isso ocorre não apenas no momento em que se está jogando, levando-a a refletir também nas diversas situações do cotidiano, o que inclui, obviamente, as tarefas matemáticas.

Quantas vezes se notam crianças fracassando em matemática por não entenderem o enunciado de um problema, por não saberem o que elas precisam fazer, ou por não terem condição de traçar estratégias mentais capazes de apontar uma possível solução? O xadrez, nesse sentido, contribui significativamente, ao mostrar que deve ser feita, a princípio, uma minuciosa análise da situação, organizando-se os dados retirados do enunciado e, até mesmo, aqueles correspondentes às respostas.

Com relação à análise combinatória e ao cálculo de probabilidades, o xadrez muito pode colaborar, pois no decorrer da partida o jogador deve ser capaz de calcular com exatidão a manobra que realizará com suas peças, para que depois possa escolher qual o caminho mais rápido e eficaz a ser seguido, para obter maior sucesso. Faz-se necessário também observar as prováveis jogadas do adversário, antecipando o próximo lance do oponente para que a criança não seja surpreendida.

O jogador também deve ser capaz de disciplinar ou aprender a controlar suas emoções, porque se estiver abalado ou sem autocontrole está sujeito a interferir no jogo de tal maneira que seu potencial fique muito abaixo da sua força real. O aluno, durante a partida, precisa ainda resistir à tensão da pressão do tempo, que provoca inúmeras inquietações e, quando o resultado é um erro que o leva à derrota numa partida que estava quase ganha, ele deve aceitar a situação.

Nas situações envolvendo a matemática, esse autocontrole emocional também deve ocorrer, e é, muitas vezes, decisivo para que o aluno tenha lucidez para discernir sobre o melhor encaminhamento do problema, o que aumenta grandemente suas chances de encontrar a resposta correta.

Por tudo o que foi dito, constata-se que a atividade enxadrística é útil para a educação matemática, na medida em que oferece múltiplas possibilidades no campo da resolução de problemas, além de intermediar para o indivíduo a construção de seu desenvolvimento matemático, situando-se assim entre as abordagens atuais da educação em geral.

A participação de crianças na prática do jogo de xadrez vem crescendo no decorrer dos anos, sendo que, em muitos países, a prática do xadrez faz parte do currículo escolar. Sua importância é salientada nas últimas duas décadas, em que governos de todo o mundo desenvolvem grandes projetos envolvendo o xadrez no âmbito da escola, já que é do conhecimento de todos a relevância desse jogo na formação da criança e do cidadão.

Atualmente, de acordo com o levantamento efetuado, o ensino oficial do xadrez escolar está instituído em cerca de 45 países, entre os quais Alemanha, Argentina, Canadá, Cuba, Estados Unidos, França, Holanda, Hungria e Inglaterra. A situação do Brasil dentro desse contexto será vista mais adiante.

Em países como a França e a Holanda, o xadrez já há muito tempo integra o currículo escolar enquanto atividade extracurricular. Após a implantação do seu ensino, percebeu-se um elevado número de alunos com melhora no coeficiente escolar e uma queda no nível de atendimentos a estudantes com dificuldade de concentração. Na Rússia, o xadrez está para eles como o futebol está para nós, brasileiros. O governo russo apoiou maciçamente a difusão do xadrez, criando até universidades específicas para o melhor estudo do jogo, e nas escolas, todos, sem exceção, praticam xadrez.

Ainda com relação à Rússia, os psicólogos da Universidade de Moscou Diacov, Petrovsky e Rudik, foram encarregados pelo governo soviético, em 1926, de investigar o eventual valor educativo do xadrez. Eles verificaram que os enxadristas são muito superiores à população em geral quanto à memória, imaginação, atenção distribuída e pensamento lógico, passando então a recomendar esse esporte como um método de autodesenvolvimento das capacidades intelectuais.

Já Vygostsky afirmou que “embora no xadrez não haja uma substituição direta das relações da vida real, ele é sem dúvida, um tipo de situação imaginária”. Pode-se dizer que, conforme propõe esse insigne psicólogo, por meio da aprendizagem do xadrez a criança estaria elaborando habilidades e conhecimentos socialmente disponíveis, passando a internalizá-los, o que propicia a ela um comportamento além do habitual de sua idade.

No Brasil, a primeira iniciativa a favor do ensino e da prática do xadrez escolar data de 1935. De lá para cá, tais experiências multiplicaram-se e diversificaram-se. O quadro atual indica que o xadrez vem sendo gradativamente admitido no campo da educação, predominando como atividade periescolar. Recentemente, em prol da difusão do xadrez nas escolas, o MEC publicou uma cartilha distribuída gratuitamente em cerca de 1.500 municípios do país.

O projeto de implantar o xadrez nas escolas já é visto como fundamental por pedagogos e coordenadores, e isso vem sendo feito, mais especificamente, nos últimos quinze anos, de modo que o esporte já faz parte do currículo escolar das escolas públicas dos estados de Minas Gerais, Pernambuco, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Paraná e da cidade de Brasília.

No Paraná o projeto encontra-se em fase bastante avançada, graças sobretudo aos esforços do Grande Mestre Jaime Sunye Neto e sua equipe. Em Curitiba são disputados torneios que mobilizam mais de oitocentas crianças em cada etapa, e em todo o estado estima-se que o número de alunos envolvidos com o xadrez passe de quinhentos mil. Já em São Paulo, por enquanto, é nas escolas particulares que essa modalidade esportiva vem conquistando espaço, sendo que algumas escolas da capital paulista já oferecem o curso de xadrez a seus alunos, atentas a todas as vantagens que sua prática pode trazer.

Todos os profissionais ligados à área da educação concordam que o ensino do jogo está ajudando a melhorar a aprendizagem, a memorização, o raciocínio e a criatividade dos estudantes dessas escolas. Os coordenadores pedagógicos das escolas onde o xadrez foi implantado destacam ainda outros benefícios: as crianças aprendem a respeitar as regras, os limites do jogo e limites sociais, além de melhorar o convívio. Do ponto de vista moral, o esporte pode promover a conduta ética através da experiência do ganhar e do perder, que pode ser aproveitada pelo professor por meio da análise de partidas comentando erros e acertos.

A nível de governo, esse ano o Ministério do Esporte, em parceria com o Ministério da Educação, colocou em funcionamento o projeto “Xadrez nas Escolas”. A parceria, que envolveu inicialmente 6,4 mil estudantes de quatro estados, será estendida para mais de 300 mil alunos dos 26 estados e do Distrito Federal. Para a implementação dessa nova etapa, o Ministério do Esporte está fazendo parcerias com as Secretarias de Estado de Educação e de Esporte. Cada unidade da federação contará com 50 escolas contempladas.

O Ministério do Esporte firmou parceria também com Grandes Mestres do xadrez para ministrar a capacitação dos 1350 profissionais da educação. A escolha dos educadores e das escolas contempladas ficará a cargo das Secretarias de Educação. Em seguida, será a vez do Ministério da Educação entregar 17 mil kits (tabuleiros, peças e livros com técnicas do xadrez) às Secretarias Estaduais de Esporte e de Educação. Cada secretaria receberá mil kits e fará a distribuição às escolas envolvidas.

Não obstante os esforços do governo federal no campo educacional, a dispersão dos alunos do meio escolar é um dos grandes problemas e deve ser combatida ainda na infância. Está comprovado que a capacidade de calcular, de concentrar-se, de adquirir responsabilidade e de tomar decisões pode ser reforçada com a prática do xadrez. Admirador e praticante do jogo, o ministro do Esporte, Agnelo Queiroz, acredita que o xadrez é uma importante ferramenta na educação infantil. Segundo ele:

Incentivar o xadrez nas escolas será uma grande contribuição para a formação do caráter da criança. É preciso estimular mais a capacidade de concentração e assimilação de novos conhecimentos. Hoje, os jovens estão muito expostos a estímulos rápidos e superficiais oferecidos pela televisão, computadores e videogames.

Tudo o que foi até agora apresentado neste trabalho teve como objetivo expor de modo sucinto e direto os méritos do jogo de xadrez para ser incluído como atividade regular nas escolas, em especial nas escolas públicas. A motivação destes apontamentos foi destacar algumas das qualidades do jogo, tanto em sua prática quanto em seu estudo, as quais trazem benefícios amplos para a formação do jovem estudante e futuro cidadão.

Contudo, sabemos que realizar tal intento é um desafio. Embora a iniciativa de integrar a prática enxadrística às atividades escolares constitua uma tendência mundial ultimamente, no Brasil o xadrez escolar ainda é pouco difundido. Falta a estrutura necessária para efetivar sua implantação nas escolas brasileiras, como salas especializadas para seu ensino, tabuleiros e jogos de peças, bem como professores treinados e em número suficiente para ministrar as aulas, ajudando a divulgar cada vez mais esse nobre esporte em nosso país, cuja população tanto carece de saber e instrução.

É preciso um esforço conjunto de todos para mudar esse quadro, inclusive dos próprios educadores, haja vista que muitos professores, de mentalidade arcaica, cometem o erro de não valorizar a atividade lúdica, não extraindo o que ela contém de educativo. Entender os proveitos que esse esporte pode trazer ao aluno e à educação em geral é a maior barreira para os educadores, porém, conforme já foi demonstrado, basta examinar os resultados obtidos e aprofundar o estudo em relação aos verdadeiros benefícios do xadrez para aplicá-lo, que a iniciativa será justificada.

O xadrez, mesmo constituindo-se em uma inovação pedagógica cuja potencialidade ainda não foi completamente explorada, dá mostras incontestáveis de que seu estudo e sua prática são considerados como formadores para o desenvolvimento global do estudante, elevando-se ao patamar de matéria curricular, bem como representando um suporte pedagógico para outras disciplinas.

Está comprovado que o jogo estimula e apura a inteligência, algo que deve ser aproveitado ainda mais nos dias de hoje, em que a internet democratizou o conhecimento e alargou os horizontes, o que deve impelir o ensino a se reestruturar para acompanhar essas mudanças.

Por fim, queremos mencionar que o xadrez não é apenas um simples jogo que visa alegrar e distrair, mas, muito mais que isso, é um projeto completo de construção e de formação do ser humano.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

*